"Helena" é um romance urbano pacato que, não por sua história em si, mas por possuir um caráter muito semelhante aos das obras de José de Alencar (como "Cinco Minutos" e "A Viuvinha"), me intrigou bastante desde o início da leitura.
A história se inicia com a morte do Conselheiro Vale e, como consequencia de seu testamento, a entrada de Helena, filha do Conselheiro, na vida e na casa de Estácio e Dona Úrsula, irmão e tia de Helena, respectivamente. A trama se desenrola em volta de duas situações: a primeira é que Helena costuma, por motivos misteriosos, visitar uma casa, onde mora um homem desconhecido e a segunda é que, enquanto a trama se desenrola, os dois irmãos se apaixonam.
No final do livro, descobrimos, enfim, que o homem desconhecido é o verdadeiro pai de Helena, mas, ainda que ela e Estácio não sejam irmãos, o amor deles é impossível perante a sociedade, o que nos retrata levemente o caráter conservador de Machado de Assis. O desfecho do livro se dá com a morte de Helena, por vergonha e por amor, como é típico do romantismo.
Antes de "Helena", tive duas experiências com o autor: "Dom Casmurro" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas". O que me intrigou no livro, portanto, foi não encontrar abertamente a crítica, ironia ou qualquer expressão de caráter realista que estavam em minhas expectativas, já que são próprias das outras obras que havia lido. Muitas vezes no decorrer da leitura, o romance exacerbado e a personalidade nobre de todos os personagens adquiriu, para mim, em vista do histórico que eu atribuía ao autor, uma aparência irônica, que logo nas próximas linhas se esfacelava. Aos poucos, eu pude perceber que aquela não se tratava de uma obra realista, mas sim própria do romantismo.
Na verdade, "Helena", escrita no ano de 1876, é uma obra atribuída à primeira fase da carreira de Machado de Assis e, bem como "Ressurreição" (1872), "A Mão e a Luva" (1874) e "Iaiá Garcia" (1878), possui um caráter romântico. A partir de 1881 inicia-se a segunda fase, onde é escrito o primeiro romance realista brasileiro: "Memórias Póstumas de Brás Cubas", que, de tão realista, não adquiriu minha afinidade, confesso.
"Helena" é uma leitura leve e curta que indico para aqueles que apreciam o romantismo ou para os que procuram conhecer melhor a literatura brasileira.
Eeeee Yanna, PARABENS pela iniciativa. Estou muito feliz que esteja podendo satisfazer um desejo pessoal seu que é ~estar em contato com livros e escrever bem. Continue detonando, que eu to sempre aqui dando uma espiadinha.
ResponderExcluirVivi