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sábado, 7 de maio de 2011

"Diário de uma paixão", Nicholas Sparks

Devo iniciar esta postagem com a seguinte confissão: tenho certo "preconceito" com determinados best-sellers da atualidade. Obviamente, são incontáveis as excessões, mas na lista dos "mais vendidos" existem inúmeros livros de caráter vazio. Isso mesmo: caráter vazio. A leitura de alguns destes livros me reprimiu a vontade de ler romances atuais. Nicholas Sparks é um dos grandes escritores de best-sellers e eu ainda não havia experimentado nenhum de seus livros, devido a esse meu preconceito. "The Notebook", seu primeiro romance, escrito em 1996, tornou-se excessão pelo fato de que a adaptação cinematográfica dele é um dos mais encantadores filmes que já assisti (e, assim como a literatura, o cinema me fascina).
O livro se passa nos Estados Unidos, iniciando-se na década de 40. A alta sociedade do período, como já pudemos encontrar em outros livros aqui postados, priorizava o status em detrimento de qualquer outra coisa, inclusive sentimentos. É devido a este tipo de pensamento e preconceito a dificuldade da concretização do amor de nossos protagonistas.
A história inicia-se com um senhor que vive num lar para idosos. Todos os dias, ele visita uma senhora e lê para ela uma história de amor, história essa que se passa mais ou menos assim:
Allie era uma garota rica que tinha ido passar o verão na cidadezinha de Nova Berna. Noah era um garoto simples, residente da cidade. Através de amigos, os dois se conheceram e viveram uma paixão que iria mudar suas vidas para sempre. No entanto, no fim do verão, os pais de Allie fazem com que ela volte à sua cidade. Durante dois anos, Noah escreve diariamente cartas para sua amada, mas não recebe resposta. O fato é que a mãe de Allie guardava todas as cartas de Noah e não as entragava a sua filha. A garota, por sua vez, começou a ficar a cada dia com menos esperanças de que seu amado ainda retribuía os sentimentos e resolveu tocar sua vida. Ficou noiva de um belo, rico e bem-educado rapaz, advogado, chamado Lon. Até certo ponto, como podemos ver, a vida de Allie havia sido moldada ao bel-prazer de seus pais. Como um diamante bruto, Allie havia sido lapidada na forma de uma garota da alta sociedade. Semanas antes de seu casamento, no entanto, Allie vê no jornal uma foto de Noah, que havia reconstruído um casarão em ruínas em Nova Berna. Ele tinha o sonho de possuir esse casarão desde pequeno. Ao ver a foto, todos os sentimentos antigos afloraram na já não mais menina Allie. Ela decide, então, que precisa voltar a Nova Berna e rever Noah, acreditando, no entanto, que isso nada vai alterar em seu casamento. O final desta história pode ser facilmente previsto para os românticos.
No decorrer do livro, percebemos que o senhor que conta a história é Noah e a senhora, que possui o mal de Alzheimer, é Allie. Todos os dias, Noah vive uma luta para fazer sua amada se lembrar. Apesar das improbabilidades da ciência, em muitos dias o amor é mais forte e vence a luta, permitindo a Allie lembrar-se de seu passado e seu grande amor.
Um traço interessante do livro é o fato de sua cronologia ser contrária a dos fatos. Até determinado ponto, a história vai sendo construída do presente ao passado e não de maneira oposta, e mais lógica.
Outro ponto importante é o enfoque na importância do amor na vida das pessoas. Sem o amor, não há méritos, dinheiro ou status que traga felicidade. O teor do livro se resume na seguinte frase de Noah, logo no início:


"Não sou nada especial; disso estou certo. Sou um homem comum, com pensamentos comuns, e vivi uma vida comum. Não há monumentos dedicados a mim e o meu nome em breve será esquecido, mas amei outra pessoa com toda a minha alma e coração e, para mim, isso basta."

De qualquer maneira, dei ao autor essa chance de me envolver e eis o que encontrei: um livro que, apesar de não ter análises complexas ou grandes aprofundamentos em fatos históricos, é muito bem posicionado de acordo com o período em que se passa e nos apresenta uma história apaixonante, capaz de tocar a profundeza da alma de quem já amou um dia.
Tem certo aspecto daqueles romances de bolso, também americanos, com histórias de amor trágicas e encantadoras que prendem o leitor do início ao fim, apesar de não terem grandes méritos literários (este é meu preconceito falando, portanto, desconsiderem). Mas seria um exagero dizer que este livro se resume a um romance de bolso, afinal, é possível perceber o quanto ele é bem elaborado. Um livro de fácil leitura que realmente vale a pena de ser degustado em uma tarde de domingo descansada.

Video-curiosidades:

Mais famoso que o livro, inclusive, o filme "Diário de uma Paixão", de 2004, é mais que uma adaptação. Dirigido por Nick Cassavetes, cada uma de suas cenas é uma verdadeira obra de arte. Não há grandes modificações entra o livro e o filme, como muitas vezes acontece em outras situações. No entanto, as poucas mudanças feitas pelos roteiristas tornaram a história ainda mais instigante e envolvente. Coisas pequenas, como diálogos retirados de uma cena e postos em outra, foram essenciais para o sucesso do filme. Só uma produção muito bem preparada seria capaz de transformar uma história já muito boa em uma história excelente e é a primeira vez que encontro uma adaptação cinematográfica melhor que o romance original. E se o sr. Sparks me perdoar o modo de falar, adiciono que, nesse post, diferente dos outros, indico, mais que o livro, o filme, o que não tira os méritos do autor, visto que a história, independente de como colocada no cinema, foi criada por ele e, mesmo que sem intenção, originada para transformar-se em um dos filmes românticos da nova era mais sensacionais que assisti. O filme é estrelado por Rachel McAdams e Ryan Gosling, que assumiram os papéis de Allie e Noah de forma encantadora e apaixonante.

Obs.: Em 2005, Rachel e Ryan ganharam o prêmio de melhor beijo do ano, relacionado à cena de beijo na chuva.