
Pode-se dizer que Austen fez algumas revisões na sua obra original, mas é impossível saber quantas. Se seu desempenho técnico em termos de escrita e seus "insights" no mundo de uma mente inocente e imaginativa são fruto da jovem Austen, ou se foram manipulados pelas revisões de uma autora madura é, assim, um mistério.
Muitos julgam que a obra não é tão satisfatória quanto os outros escritos da autora. Ela se estabelece como uma adolescente precoce e ligeiramente desalinhada ao lado da elegante "Emma" ou da conceituada "Mansfield Park", mas, ainda assim, é mais desenvolvida que suas histórias anteriores. No entanto, o leitor que toma a decisão de dar uma chande a "Northanger Abbey" encontrará muito não somente a se admirar, como também a se apreciar nas descobertas de sua protagonista
"Northanger Abbey" ou "A Abadia de Northanger" é a história de Catherine Morland, uma garota entusiasta, porém inocente, que pretende tornar-se uma heroína como a dos romances que tanto lhe agradam. Em busca de aventuras dignas de seus livros de ficção preferidos, ela acaba por se colocar num emaranhado de manipulações, ganâncias e deslealdades, típicas da vida real. Catherine demonstra uma grande dificuldade em discernir em quem e em o que deve confiar em um mundo onde amigos desapontam, livros distorcem, a mente se corrompe e aqueles que deveriam mantê-la no caminho certo estão mais interessados nos vestidos da moda.
"Northanger Abbey" ou "A Abadia de Northanger" é a história de Catherine Morland, uma garota entusiasta, porém inocente, que pretende tornar-se uma heroína como a dos romances que tanto lhe agradam. Em busca de aventuras dignas de seus livros de ficção preferidos, ela acaba por se colocar num emaranhado de manipulações, ganâncias e deslealdades, típicas da vida real. Catherine demonstra uma grande dificuldade em discernir em quem e em o que deve confiar em um mundo onde amigos desapontam, livros distorcem, a mente se corrompe e aqueles que deveriam mantê-la no caminho certo estão mais interessados nos vestidos da moda.

A primeira parte do livro não é diferente das outras famosas obras. Testemunhamos as famílias educadas, onde cada rapaz parece em busca de uma bela companhia e cada moça procura uma parceira de confidências. Há também a típica personagem de Austin, desta vez nomeada Sra. Allen: uma bem-intencionada tola da sociedade que não tem nada a acrescentar, a não ser seus recorrentes comentários simplórios e fúteis.
Apesar da grande vontade de Catherine de se tornar uma protagonista, somos relembrados a todo momento o quão banal é nossa heroína. Ela cresce uma criança que passa de feia para não tão feia assim, e se dá por satisfeita com isso. Não possui nenhum talento nato, como desenho ou canto, e se vê em inúmeras situações embaraçosas, nas quais uma heroína de verdade jamais se colocaria.
Se deixar enganar pela falsa amabilidade de Isabella é de uma ingenuidade sem tamanho. A Isabella egocêntrica e estúpida, cujos comentários exalam ostentação e interesse próprio, é percebida pelo leitor atento desde o primeiro momento em que é apresentada. Ela é um dos personagens do romance cujos discursos nunca conseguem encobrir seu verdadeiro significado, junto a seu irmão, John e à Sra. Allen. Mas resumir os instintos de Catherine pelo seu relacionamento com Isabella é injusto. Catherine é exposta a muito mais emoções que outras heroínas de Austen, ainda que sejam emoções criadas por sua própria imaginação. Ela vive em busca de significado para sua vida e esse impulso constante acaba desnorteando-a. Assim que ela se depara com Henry, por exemplo, o vê como um possível romance e ele passa a ser seu assunto constante. A princípio, podemos achar essa constatação ridícula, mas seus instintos se provam astutos, tanto nesse caso, como na primeira impressão que ela tem do general Tilney. Henry é exatamente o que aparenta ser e Catherine não é uma má juíza de caráter. Ela não consegue aguentar John Thorpe, com sua vaidade e ambição cansativas, desde o primeiro momento. É realmente no caso de Isabella que ela se equivoca, o que se mostra um sério descuido, pois Isabella explora a inocência de Catherine em benefício próprio. A lição de Austen é, talvez, que uma mente aguçada, porém acrítica, pode ser mais perigosa que mente nenhuma.
Mas o mais marcante traço de Catherine é sua inabilidade em ler as atitudes de outras pessoas: ela não percebe o relacionamento de Isabella com o irmão mais velho de Henry, James; permite, acidentalmente, que John Thorpe se apaixone por ela; e se deixa amedrontar pelas histórias escabrosas de Henry sobre a abadia. Ela é o tipo de pessoa que quer acreditar em tudo que lhe pareça fascinante e fora do comum. No entanto, o que importa realmente não é quem você é hoje, mas o que você pode se tornar através das experiências que tem. O problema é que é impossível acreditar que a família Thorpe pode se tornar alguma coisa que não seja pior.
Mas talvez um dos aspectos mais interessantes do livro é o marketing, negativo em sua sátira, que ele faz de outro livro. O romance gótico "Os mistérios de Udolpho", escrito pot Ann Radcliff e publicado em 1974, é tão referenciado no livro que quase torna-se um personagem e, como qualquer coisa que se leve demasiado a sério aos olhos de Austen, é ridicularizado. Muitos críticos chegaram à conclusão que o romance de Austen, com sua fama, manteve Udolpho vivo, quando ele deveria ter desaparecido sem deixar traços. Uma coisa é certa: os dois livros são indivisíveis.

Se deixar enganar pela falsa amabilidade de Isabella é de uma ingenuidade sem tamanho. A Isabella egocêntrica e estúpida, cujos comentários exalam ostentação e interesse próprio, é percebida pelo leitor atento desde o primeiro momento em que é apresentada. Ela é um dos personagens do romance cujos discursos nunca conseguem encobrir seu verdadeiro significado, junto a seu irmão, John e à Sra. Allen. Mas resumir os instintos de Catherine pelo seu relacionamento com Isabella é injusto. Catherine é exposta a muito mais emoções que outras heroínas de Austen, ainda que sejam emoções criadas por sua própria imaginação. Ela vive em busca de significado para sua vida e esse impulso constante acaba desnorteando-a. Assim que ela se depara com Henry, por exemplo, o vê como um possível romance e ele passa a ser seu assunto constante. A princípio, podemos achar essa constatação ridícula, mas seus instintos se provam astutos, tanto nesse caso, como na primeira impressão que ela tem do general Tilney. Henry é exatamente o que aparenta ser e Catherine não é uma má juíza de caráter. Ela não consegue aguentar John Thorpe, com sua vaidade e ambição cansativas, desde o primeiro momento. É realmente no caso de Isabella que ela se equivoca, o que se mostra um sério descuido, pois Isabella explora a inocência de Catherine em benefício próprio. A lição de Austen é, talvez, que uma mente aguçada, porém acrítica, pode ser mais perigosa que mente nenhuma.
Mas o mais marcante traço de Catherine é sua inabilidade em ler as atitudes de outras pessoas: ela não percebe o relacionamento de Isabella com o irmão mais velho de Henry, James; permite, acidentalmente, que John Thorpe se apaixone por ela; e se deixa amedrontar pelas histórias escabrosas de Henry sobre a abadia. Ela é o tipo de pessoa que quer acreditar em tudo que lhe pareça fascinante e fora do comum. No entanto, o que importa realmente não é quem você é hoje, mas o que você pode se tornar através das experiências que tem. O problema é que é impossível acreditar que a família Thorpe pode se tornar alguma coisa que não seja pior.
Mas talvez um dos aspectos mais interessantes do livro é o marketing, negativo em sua sátira, que ele faz de outro livro. O romance gótico "Os mistérios de Udolpho", escrito pot Ann Radcliff e publicado em 1974, é tão referenciado no livro que quase torna-se um personagem e, como qualquer coisa que se leve demasiado a sério aos olhos de Austen, é ridicularizado. Muitos críticos chegaram à conclusão que o romance de Austen, com sua fama, manteve Udolpho vivo, quando ele deveria ter desaparecido sem deixar traços. Uma coisa é certa: os dois livros são indivisíveis.
Vídeo-curiosidades:
Por não ter alcançado a fama de seus sucessores e apesar das muitas peças teatrais, só há duas adaptações cinematográficas da obra: em 1986, na direção de Giles Foster e em 2007, um filme de televisão, um filme de Jon Jones.
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