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sábado, 27 de abril de 2013

"O velho e o mar", Ernest Hemingway

Foi em Cuba, no ano de 1951 que o renomado autor americano Ernest Hemingway escreveu um conto de otimismo que emociona em sua simplicidade. "The old man and the sea" é a uma das grandes responsáveis pelo prêmio Nobel da Literatura recebido por seu escritor no ano de 1954.
"O velho e o mar" é a história da luta entre um velho e experiente pescador contra a maior captura de sua vida. Durante 84 dias, Santiago, um idoso pescador cubano, aventura-se no mar, sempre retornando de mãos vazias. Tão notável é sua falta de sorte que os pais de seu jovem e devotado aprendiz e amigo, Manolin, o obrigam a deixar Santiago a fim de pescar em um barco mais sortudo. No entanto, o garoto continua se preocupando com o ancião e, a cada dia que este volta do mar, à noite, ajuda o velho pescador a empacotar seus equipamentos em sua cabana, já em ruínas; garante sua alimentação noturna; e conversa com ele sobre as novidades do baseball americano, assunto que muito interessava Santiago, em especial no que concernia seu herói no campo, Joe DiMaggio. Apesar do constate azar, o ancião não perde a confiança de que o período improdutivo logo vai passar e, no dia seguinte, decide-se por ir pescar ainda mais longe que o normal.
No 85º dia de sua jornada de azar, Santiago realiza o que havia prometido, navegando com seu bote pelos mares mais distantes da rasa costa da ilha e se aventurando no córrego do Golfo. Ele prepara suas linhas e joga-as. Ao meio dia, um grande peixe, um espadarte, toma a isca que Santiago havia preparado e, com ela, penetra profundamente as águas do mar. O velho pescador habilmente fisga o peixe, mas não possui forças para colocá-lo para dentro do bote. Em vez disso, é o peixe quem começa a puxar o bote.
Por não conseguir amarrar a linha ao bote, temendo que, esticada, o peixe conseguisse partir a linha, o velho segura a tensão da linha com seus ombros, costas e mãos, pronto para folgá-la caso o peixe começasse a nadar mais rápido. O espadarte puxa o barco o dia inteiro, a noite inteira, outro dia inteiro e outra noite inteira. Ele nada no sentido contrário da corrente até que, cansando, em um determinado ponto ele resolve seguir a corrente. Durante todo esse tempo, Santiago suporta uma dor constante da linha de pesca. Cada vez que o peixe mergulha, salta ou esquiva-se na tentativa de escapar, a corda corta gravemente as mãos de Santiago. Muito embora ferido e cansado, o velho pescador sente uma grande empatia e admiração pelo peixe, seu companheiro em sofrimento, força e determinação.
"É um peixe enorme e tenho de dominá-lo. Não posso deixar que ele compreenda a força que possui, nem o que poderia fazer se aumentasse a velocidade. Seu eu fosse ele, reuniria agora todas as minhas forças e começaria a correr com toda a velocidade até que qualquer coisa partisse. Mas, graças a Deus, não são tão inteligentes quanto nós, nós que os matamos, embora sejam mais nobres e valiosos."
É apenas no terceiro dia que o peixe se cansa e Santiago, privado de sono e quase delirante, consegue puxar o peixe para perto e, assim, matá-lo com o golpe de um arpão. Morto ao lado do bote, o espadarte é o maior que Santiago já havia visto. O pescador levanta o mastro e começa sua jornada de volta para casa. Nosso personagem anima-se com o valor financeiro do espadarte no mercado, mas a sua real preocupação é o fato de que as pessoas que comerão o peixe não serão merecedoras de sua grandeza. A firmeza, determinação e o coração forte demonstrado pelo peixe durante toda a luta são raras virtudes na sociedade.
"[...] por que ele teria saltado? Quase que diria que veio à tona d'água só para mostrar-me como é grande. Agora já sei, seja lá como for. Gostaria de lhe poder mostrar que espécie de homem sou eu. Mas nesse caso, ele veria a cãibra que tenho. É melhor que ele pense que sou mais do que sou e assim o serei. Gostaria de ser aquele peixe, e trocaria de bom grado minha vontade e minha inteligência para ter tudo o que ele tem"
Enquanto Santiago veleja com o peixe, o sangue do espadarte deixe um rastro na água e atrai tubarões. O primeiro a atacar é um grande anequim, o qual Santiago consegue assassinar com o arpão. Na luta, o ancião perde não somente seu arpão, como também metros de uma corda valiosa, o que o deixa vulnerável ao ataque de outros tubarões. O pescador repele os sucessivos perversos predadores o máximo que pode, esfaqueando-os com uma lança que ele cria ao acoplar uma faca a um remo e até surrando-os com o leme de seu barco. Apesar de matar muitos, cada vez mais tubarões surgem e, quando a noite chega, a luta de Santiago contra os carniceiros torna-se inútil. Eles devoram a melhor carne do espadarte, deixando somente o esqueleto, a cabeça e o rabo. Santiago, então, começa a se castigar por ter indo tão longe da costa e por ter sacrificado inutilmente seu grande e digno oponente. Ele chega em casa antes do cair da noite, cambaleia até sua cabana e dorme profundamente.
Na manhã seguinte, uma multidão de pescadores maravilhados se reúne ao redor da carcaça do peixe, a qual está ainda acoplada ao barco. Nada conhecendo sobre a luta do velho pescador, turistas em um café próximo observam os restos do espadarte gigante e o confundem com um tubarão. Manolin, extremamente preocupado com a ausência de Santiago, não contém as lágrimas de seus olhos quando encontra o velhinho salvo em sua cama. Ele busca um café para ele e os jornais do dia com a pontuação do baseball e depois assiste Santiago enquanto ele dorme. Quando o ancião acorda, ambos concordam de retornar com a parceria de pesca. O pescador volta a dormir e sonha seu frequente sonho sobre leões brincando nas praias da África.
""É bom saber que não tenho de tentar matar as estrelas. Imagine o que seria se um homem tivesse de tentar matar a lua todos os dias", pensou o velho. "A lua corre depressa. Mas imagine só se um homem tivesse de matar o sol. Nascemos com sorte."
Não apenas uma história de solidão, nem tampouco mais um conto sobre a constante luta entre o homem e a natureza. A obra vai além. Ela nos traz a sabedoria e experiência de alguém que passou por muito na vida e aprendeu a não desistir. Também nos traz lições intermediárias sobre aparências,  superioridade e humildade em palavras que de tão simples nem sequer precisam ser interpretadas.
O ancião não tem família e seu único amigo no mundo é Manolin. Mas não é porque ele está sozinho que desiste de percorrer seus objetivos. Nem a idade, nem o cansaço, a falta de força física, ou o desgasto são capazes de fazer o velho pescador desistir. Ele reconhece que seu oponente é mais forte e mais hábil que ele e tudo que ele tem a seu favor é a inteligência, a paciência, a perseverança e a sabedoria de seus anos de pesador e de homem. Ainda assim, ele persevera e acaba por vencer a batalha. Mas quem saiu vitorioso?
" 'Mas o homem não foi feito para a derrota,' disse.'Um homem pode ser destruído, mas não derrotado'"
Ao passo que uma história de determinação, o livro nos apresenta o outro lado da ambição: muitas vezes conseguimos atingir nossos objetivos, mas depois percebemos que eles, simplesmente, não valiam à pena. Antes mesmo dos tubarões destroçarem o peixe, fazendo nosso protagonista arrepender-se profundamente de seu sacrifício de ir mais além e de tirar a vida de seu digno e grandioso amigo, Santiago sente remorso por saber que as pessoas que desfrutarão de sua pesca não são dignas do espadarte. Finalmente, após grande desgasto e arrependimento, Santiago retorna ao ponto em que estava no início: talvez não mais triste, mas tampouco mais feliz. E voltamos à velha controvérsia: será que os fins realmente justificam os meios? Muitas vezes, machucamos pessoas, deixamos os entes queridos de lado, focando em um objetivo com perseverança e determinação, mas percebemos que de nada valeu todo o esforço e sacrifício quando percebemos que, não importa onde estejamos, as coisas de valor serão sempre as mesmas e estarão sempre no mesmo lugar.


Videocuriosidades:

Dirigido por John Sturges e estrelando Spenser Tracy, em 1958, apenas alguns anos após a publicação do livro, surgiu a primeira adaptação da obra.
Em 1990, outro longa foi produzido, dirigido por Jud Taylor e estrelado por Anthonny Quinn.
Em 1999, com a direção de Aleksandr Petrov, um curta de animação foi produzido baseado na obra de Hemingway.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

"Pollyanna Moça", Eleanor H. Porter

O livro "Pollyanna", escrito por Eleanor H. Porter, é um clássico da literatura infanto-juvenil, publicado em 1913. A primeira das diversas sequências da obra é "Pollyanna Moça", escrita em 1915.
Pollyanna Whittier, nossa protagonista, é uma jovem órfã que vai viver com a tia em Beldingsville no primeiro livro. Com a sua mágica maneira de ver e viver a vida, ela abre sorrisos e traz a felicidade para a pequena cidade onde vai morar.
Após ter transformado a vida de todos na cidadezinha, as virtudes e benevolência de Pollyanna, bem como sua capacidade de levar alegria por onde passa, fazem com que ela receba um convite para passar o verão com Mrs. Carrew, uma senhora viúva, que sofre pelo desaparecimento de seu querido sobrinho, Jamie. Mrs. Carrew é uma senhora amarga, que Pollyanna tem dificuldade de conquistar e a cidade grande onde ela mora é cheia de pessoas frias, que não sorriem e não se comprimentam ao passar uns pelos outros na rua, como nota Pollyanna. Isso faz com que a menina comece a se sentir muito mal por não conseguir fazer amigos. Até que ela conhece, em um parque da cidade, um garoto deficiente físico chamado Jamie, que se torna mais um de seus grandes amigos. Ele é muito pobre e tem condições de vida muito precárias, ao passo que Mrs. Carrew é extremamente rica, cheia de posses. Além disso, Jamie poderia ter a mesma idade do sobrinho desaparecido de Mrs. Carrew. É o suficiente para Pollyanna, que, apesar de não conseguir fazer Mrs. Carrew acreditar completamente que aquele seria seu verdadeiro Jamie, consegue fazer com que ela o ame como tal. Assim, Pollyanna consegue transformar mais vidas e fazer mais sorrisos.
Anos depois, com Pollyanna já crescida, o marido de sua tia falece e a família se vê em uma situação financeira bastante desgradável. No entanto, aos poucos essa situação vai sendo amenizada com a ajuda dos amigos feitos e os corações que a menina alegrou durante a vida.
O encanto de ambos os livros, no entanto, não está em sua história, nem nas características de seus personagens, mas na lição de otimismo e esperança que nossa protagonista transmite com seu "jogo do contente", a verdadeira mágica de Pollyanna. A seguir, um trecho do livro, onde a irmã de Mrs. Carrew explica a ela o que seria o jogo do contente de Pollyanna:

"[...] Parece que ela era órfã de mãe e filha de um pastor pobre do Oeste, criada pela Sociedade das Senhoras Auxiliadoras com doações de Missionários, vindas em barris. Quando era uma menininha, quis uma boneca, e tinha confiança que ela viesse no próximo barril de doações; acontece que nada veio, a não ser um par de muletas. Claro, ela começou a chorar, e foi então que o pai lhe ensinou um jogo para descobrir algo de bom em todas as coisas que aconteciam. Ele disse a ela que podia começar ficando muito contente por não precisar das muletas. Esse foi o início. Pollyanna disse que era um jogo adorável, que vinha jogando desde então; e que quanto mais difícil fosse encontrar um motivo para ficar alegre, mais divertido era, a não ser quando parecia impossível, como às vezes acontecia."

A filosofia de Pollyanna não é apenas absolutamente linda, como é também recomendável, afinal, por mais difícil que a vida e as situações que ela impõe possam parecer, nada deve acabar com nossa alegria de viver. Há quem diga que o jogo é coisa para bobos, enquanto isso, eu gostaria de ter a sabedoria e a nobreza de espírito suficientes para conseguir jogá-lo sempre. Devemos tentar, ao máximo, fazer de nossos momentos tristes apenas momentos e não transformá-los em amargura, ódio ou rancor, porque esses sentimentos são terrivelmente desastrosos não apenas para os que estão perto de nós, mas, principalmente, para nós mesmos. Adotar a filosofia de Pollyanna não é se contentar com o que se tem e parar de lutar, de planejar, mas sim não se deixar esmorecer permanentemente com as perdas e os obstáculos. A menina nos ensina a ir em frente e que a vida só vale a pena se tivermos com quem dividí-la, porque o amor e a amizade são nossos bens mais preciosos; sem eles não somos nada.
Crianças, jovens, adultos, idosos, todos merecem uma "dose" de Pollyanna. É por isso que os livros são recomendáveis para todas as idades e todas as histórias de vida. Infelizmente, nunca tive a oportunidade de ler o primeiro livro, mas verdadeiramente acredito que "Pollyanna" seja um romance capaz de superar todas as expectativas.

Video-curiosidades:

Não existe adaptação cinematográfica ou televisiva para o livro "Pollyanna Moça".

Em 1920, o cinema mudo trouxe, com a direção de Paul Powell, uma clássica adaptação do livro "Pollyanna" de Eleanor H. Porter.
Em 1960, foi lançado, na direção de David Swift, o filme "Pollyanna", com o qual tive contato e posso afirmar que parar para ver esse filme é um ganho de tempo.